A Resíduos do Nordeste, responsável pela recolha e tratamento de lixo no distrito, quer que sejam encontradas alternativas à deposição de resíduos em aterros e que seja aplicado o dinheiro que o Governo recebe da Taxa de Gestão de Resíduos. Na vinda da Comissão de Ambiente e Energia da Assembleia da República ao Parque Ambiental, situado em Mirandela, a empresa aproveitou para transmitir as suas preocupações.
“Temos que encontrar soluções em que o aterro passe a ser residual”, afirmou o diretor da Resíduos do Nordeste. Paulo Praça adiantou que os aterros sanitários es-
tão “dia após dia a esgotar a sua capacidade”, inclusive o da empresa que vai ter que ser alagado, para ter capacidade para “mais cinco anos”. A Taxa de Gestão de Resíduos criada em 2015 pelo Governo, como forma penalizadora da deposição de resíduos em aterro, não tem revertido no sector, segundo Paulo Praça. “Apenas o ano passado 17 milhões voltaram a ser aplicados no sector”, frisou. A Resíduos do Nordeste está a pagar “600 mil euros”, que poderiam ser “1,2 milhões de euros”, se não tivessem “um sistema com alguma eficiência que já reduz em 50% os resíduos que vão para aterro”. Devido ao aumento da recolha de lixo, a taxa está a aumentar e custa este ano mais 3 euros por tonelada, que é “suportado pela Resíduos do Nordeste, municípios e cidadãos que vivem neste território.
A Dourogás e Sonorgás apresentaram ainda o projeto de gases renováveis feitos com resíduos e que podem substituir o gás natural. Um projeto pioneiro que já está em fase de testes e espera-se que em Março chegue à casa das pessoas. “Estava previsto para Fevereiro, mas com certeza em Março já estará a chegar à casa das pessoas, que não vão dar conta de nada, porque é exatamente o mesmo gás, que é totalmente intermutável, ele pode ser substituído em 100%, por isso se chama Biometano, que é quando o Biogás tem as características exatamente iguais às do gás natural”, explicou o delegado da Sonorgás, Nuno Moreira, acrescentando que não vai haver qualquer aumento na fatura, mas no futuro pode até “reduzir o Imposto sobre os Produtos Petrolíferos”.
Os deputados do PS e PSD que fazem parte da comissão ouviram as preocupações que vão agora levar à Assembleia da República. O líder Tiago Brandão Rodrigues diz que é importante perceber como as coisas acontecem no terreno. “Vimos conhecer o trabalho aqui desenvolvido, entender quais são as questões que possam ter estas empresas. Vimos ouvi-los, uma vez que também são ouvidos tantas vezes nas audiências que acontecem na comissão parlamentar, mas é importante os deputados da Assembleia da República poderem vir aqui e entender como é que existe todo o trabalho de gestão de resíduos, quais são os problemas que Portugal enfrenta, quais são as oportunidades dos resíduos”, referiu.
A Comissão de Ambiente e Energia visitou ainda a Unidade de Produção de Biometano e Estação de Injeção e Medida de Biometano da Resíduos do Nordeste.